terça-feira, 27 de setembro de 2011

12... 11... 10...

eu sei muito bem o que te faz enlouquecer.
eu sempre soube.
poderia enlouquecer-te todos os dias e noites.
mas eu já não quero.

"eu sei a palavra que você deseja escutar
você é o segredo que eu vou desvendar."


não tem graça voar sozinho...
e eu também quero tirar meus pés do chão.
também quero voar, cantar, gritar...
gozar!

sinceramente, eu quero morrer de amor!
amor que não existe...
"não existe o amor
somente provas de amor..."


e se eu resolver beijar mil bocas,
lamber mamilos,
puxar cabelos e arranhar corpos pela vida...
estarei amando mais a mim, assim?

quero molhar meu corpo com a água de outros corpos
quero sentir mil gostos
e gritar mil vozes.
quero me perder, quero me ganhar.

quero te esquecer.
porque eu te amo.
mas há tempos já não te quero.

a saudade que eu sinto...

...de um tempo que acabou!

Nos primeiros meses morando no pensionato em Porto Alegre, onde morei de março à dezembro de 2010, eu ouvia muito o CD do Lenine, o tempo todo... Principalmente enquanto limpava o meu canto, o quarto 68. Ouvia Lenine cantar pra mim enquanto massageava cada disco, livro, e qualquer outra peça que morasse nas prateleiras do quarto 68!

O engraçado é que enquanto fazia aquilo, eu sentia aquele momento como algo a ser guardado, o som, o cheiro de maçã verde do produto de limpeza, as cores das coisas, e meu jeito de viver aquilo...

Sabendo que moraria ali por pouco tempo, me acostumei a viver tudo por inteiro - ainda mais -, inclusive momentos simples como este, e fazia questão de guardar com carinho a sensação de lá viver... Eu sempre soube que iria lembrar da sensação, do cheiro, do sol, das cores... Não simplesmente lembrar, mas, sentir tudo novamente.

Sentir falta de um tempo que acabou, não quer dizer que desejamos tê-lo de volta. Afinal, não estamos mais em tal tempo porque demos passos a frentes e estamos melhors hoje... Enfim, é só saudade, uma lembrança boa, sinal de que foi importante e por isso pensamos e adoramos tal época...
Assim foi este período pra mim... Todo o tempo em que morei lá, com todo o lado bom e as tantas partes chatinhas foi único, foi fundamental pro meu amadurecimento, pro meu autoconhecimento, pra superar muita coisa, pra vencer muita coisa...

Enfim, Lenine é responsável pela lembrança do primeiro trimestre vivido na rua Anita Garibaldi. Eu ainda não conhecia muita gente e me sentia um pouco reprimida, limitada... Era muito do que fui antes de mudar. Lembro das primeiras aulas e a alegria de sentir que estava no caminho certo - e estava certa... -, minha insegurança (acredito que superada), meu romantismo (amenizado), meus medos (também expulsados...). Os dias frios, as noites quentes... O conforto do quartinho que ganhou a minha cara, pouco a pouco... A luz baixa, meu telefone... Dormir cedo... Os dias em que ia pra aula com chuva de táxi ou ônibus, o sofá confortável da biblioteca, e de quando pegava o Trensurb pra São Leopoldo em sextas-feiras - com medo de levar uma picada de agulha de algum maluco depois de assistir a uma aula de biologia sobre doenças virais -... Das manhãs, dos colegas, das tardes de sono, as aulas de direção...

Eu poderia citar tantos fatos, mas nunca conseguiria expressar a sensação que tenho de como de fato foi esse tempo - que não foi fácil -, de como eu era, de como eu sentia tudo isso... E a alegria de ter mudado e melhorado, desde então, e em tão pouco tempo...

Enfim, deste tempo que passou tenho esta lembrança boa, essa saudade...
Do tempo imediatamente seguinte, de mudança e melhora intelectual e psicológica, de novos sonhos e planos, novas atividades, hábitos, amigos... não sinto saudade pois ainda é tempro presente...

Sou apaixonada por simplicidade... Pela riqueza e a beleza dos detalhes.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Hoje.

Nós dois fomos feitos muito pra nós dois.
Tão feitos pra nós dois.
Defeitos de nós dois.

Se você me ama...

Se você me ama
Mama no meu peito
Corta minha unha
Lava meu cabelo
Cura essa ferida
Sara essa coceira
Planta bananeira
Se você me ama
Tempera meu rango
Com tango e bolero
Veste amarelo
Raspa a sobrancelha
O que der na telha se você me a.....ma
Se você me adora
Como diz que adora
Calça meu sapato
Come no meu prato
Me leva pra rua
Me leva pra lua
Me leva embora
Se você me adora
Tira meu sossego
Persegue meu fado
Canta um reisado
Pula do telhado
O que der na telha se você me ado.....ra
Se você me ama
Toca a campainha
Acorda o edifício
Põe fogo no hospício
Sobe a prateleira
Grita, dá bandeira
Passa um telegrama
Se você me ama
Usa a minha blusa
Abusa do meu ar blasê
Rouba o caminhão
Me põe na boléia
O que der na idéia se você me a.....ma
Se você me adora
Faz doce no tacho
Acha minha sombra
Entre os escombros
Tira meu retrato
Bebe o meu sangue
Me afoga no mangue
Se você me adora
Morde minha isca
Belisca meu lombo
Toca um blues rasgado
Rasga a odisséia
O que der na idéia se você me adora
O que der na telha se você me ama
O que der na telha se você me adora
O que der na telha se você me a.....ma
Me ado.....ra, me a.....ma.

Zeca Baleiro.

Uma delicada forma de calor.

Eu me lembro
de você ter falado
Alguma coisa sobre mim
E logo hoje, tudo isso vem à tona
E me parece cair como uma luva
Agora, num dia em que eu choro
Eu tô chovendo muito mais do que lá fora
Lá fora é só água caindo
Enquanto aqui dentro, cai a chuva
E quanto ao que você me disse
Eu me lembro sorrindo
Vendo você tão séria
Tentar me enquadrar, se sou isso
Ou se sou aquilo
E acabar indignada, me achando totalmente impossível
E talvez seja apenas isso:
Chovendo por dentro
Impossível por fora
Eu me lembro de você descontrolada
Tentando se explicar
Como é que a gente pode ser tanta coisa indefinível
Tanta coisa diferente
Sem saber que a beleza de tudo
É a certeza de nada
E que o talvez torne a vida um pouco mais atraente
E talvez, a chuva, o cinza,
O medo, a vida, sejam como eu
Ou talvez , porque você esteja de repente,
Assistindo muita televisão
E como um deus que não se vence nunca
O seu olhar não consegue perceber
Como uma chuva, uma tristeza, podem ser uma beleza
E o frio, uma delicada forma
De calor

Lobão

Desistir.

Outra virtude é saber desistir. Não por medo ou falta de esperança. Tampouco por cansaço ou fraqueza. É preciso saber desistir por humildade! Por respeito àquilo que não pode ser diferente. Desistir é aceitar. É respeitar a si mesmo, os outros e todas as circunstâncias que podem estar sob qualquer ou nenhum controle. Desistir é entender que a própria vontade nem sempre condiz com a realidade, e não fazer disso um motivo de sofrimento.

VWG.

A depender de mim.

A depender de mim
Os psicanalistas estão fritos
Eu mesmo é que resolvo os meus conflitos
Com aspirina amor ou com cachaça
Os gritos todos virarão fumaça
A dor é coisa que dói e que passa
Curar feridas só o tempo há de
Toda regra para o bem da humanidade
É certo necessita de uma exceção
A depender de mim
Os publicitários viram bolhas
Eu sei como fazer minhas escolhas
E assumir os erros que lá vem
Se a alma finca pé os medos somem
Menino nunca deixe que te domem
Mau pai dizia o verdadeiro homem
Sabe o que quer ainda que não queira
Besteira é não seguir o coração
A depender de mim
Os padres e pastores serão tristes
Eu penso mesmo que deus não existe
E ainda assim quem sabe eu creia em deus
Se deus é o outro nome da verdade
Deste momento até a eternidade
Eu levo entre mentiras e trapaças
Besta felicidade frágil farsa
Do que preciso: riso, preces e paixão

Zeca Baleiro.

Trying to pull myself away

Chegando à estação, o último trem
Eu nem sequer sei se voltarei a te ver
Essa foi uma opção que tivemos?

Acerto o piano até esmagar as teclas
Deixando assim as melodias em paz
Tudo se foi e eu não sei para onde

E a regra de ouro não se aplica mais
Porque a casa está em chamas

Ultimamente, quando me perco, tem algo que sei
Até os cães tem um lugar para ir
Tudo acontece quando se deixa estar

Trabalho, trabalho, ilumino as esquinas que nunca verei

Desembaralhe os pensamentos para saber o que significam
Eu espero que a resposta não tenha chegado tarde

Eu estou tentando me afastar
Caí num padrão e não consigo escapar
Não consigo escapar

Tentando me afastar, tudo se foi.

Glen Hansard. The Frames, Swell Season.

Lutamos só pelo direito ao nosso estranho amor.

Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor

Ah! Mainha deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar e sigamos juntos...

Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nós dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois

Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor.

Caetano.

Peixes Pássaros Pessoas

Peixes são iguais a pássaros
Só que cantam sem ruído,
som que não vai ser ouvido

Voam águias pelas águas
Nadadeiras como asas
Que deslizam entre nuvens

Nós vivemos como peixes
Com a voz que em nós calamos,
Com essa paz que não achamos...

Peixes pássaros pessoas
Nos aquários, nas gaiolas, pelas salas e sacadas
Afogados no destino
De morrer como decoração das casas

Nós morremos como peixes
O amor que não vivemos
Satisfeitos mais ou menos
Todas iscas que mordemos

Os anzóis atravessados, nossos gritos abafados...

Nenung

Srta. Saudade da Silva.

Entendo que você esteja feliz
Você tem a você, e eu não tenho
Então declaro como sempre quis
Ter e ser assim bem desse jeito
Claro que é isso o que tento te dizer
Quero o mundo inteiro no meu peito
Mas nesse momento como traduzir...
Se não pela saudade que eu sinto

Acho que não vou morrer de amor
E a saudade não mata porém
Fecho os olhos vejo teu rosto
E aqui dentro algo forte me vem.

Nenung.

Sei que amores imperfeitos são as flores da estação

Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu
Mas sempre fica alguma coisa
Alguma roupa pra buscar

Eu não quero ver você
Passar a noite em claro
Sinto muito se não fui seu mais raro amor
E quando o dia terminar
E quando o sol se inclinar
Eu posso por uma toalha
E te servir o jantar

Mentira se eu disser
Que não penso mais em você
E quantas páginas o amor já mereceu
Os filósofos não dizem nada
Que eu não possa dizer
Quantos versos sobre nós eu já guardei
Deixa a luz daquela sala acesa
E me peça pra voltar...

Samuel Rosa, Chico Amaral

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Só sendo!

Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum

Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem.

Humberto Gessinger.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tangos e Tragédias por Hique Gomez

Lembro claramente a primeira vez que nos encontramos as margens da Recykla Gran Rechebuchyn, a Grande Lixeira Cultural da Sbórnia. Nossa querida terra natal a Sbórnia havia sido invadida. Nossa cultura estava ameaçada extinção. Nós fugimos e viemos parar no Brasil...

Já se vão muitos anos... Lembro muito bem na canoa de refugiados. Ele queria ir pra Iá eu queria ir para Iá... Eu fui para lá e ele foi para lá... Como estávamos na mesma canoa contrariadamente viemos parar aqui. Foi a primeira vez que percebemos que não combinávamos, e pensei “como vamos prosseguir???”
Minha memória guarda transparente os dias da crise em que chegamos no Brasil. O dinheiro era o Cruzado... A valorização os produtos nos supermercados era por hora, a desvalorização do Cruzado era por segundo.

Lembro que hoje de manhã senti saudades daquela crise financeira. Aquilo sim é que era crise. Os problemas aumentavam desde que ficou claro que não haveria como trabalhar com música no meio daquela crise, e eu pensava "Como vamos prosseguir? Fizemos alguns shows vazios em Porto Alegre e decidimos ir para o centro do país, onde fizemos muitos e muitos shows vazios. É claro, eu pensava, não combinamos... Como vamos prosseguir?

Até que um golpe de sorte nos jogou no programa do Jô Soares no SBT. O público adorou ver dois sujeitos que não combinavam contando suas histórias e cantando músicas antigas que não combinavam com o que se fazia na época.

Desde aí os teatros começaram a lotar. Daí surge para nós a maior definição de nossa carreira. Quando perguntavam qual o segredo do sucesso, nossa resposta era: "O segredo do Sucesso é o Fracasso!!!” Como vamos prosseguir se o segredo do sucesso da dupla é o fracasso?

Enfim fazíamos algum sucesso, mas como seguíamos não combinando eu pensava: “Como vamos prosseguir”? Os teatros começaram a lotar invariavelmente. Já tínhamos uma carreira, uma trajetória. Seria importante mantê-la, e esta questão foi crescendo dentro de mim. Eu buscava uma solução, não seria fácil... como vamos prosseguir? Nossas diferenças seguiam aumentando, continuávamos remando em direções diferentes.

Até que em meados do dia 15 de maio de 1991 às 15 horas e trinta minutos, ele me mostrou uma música que falava na busca da Verdadeira Maionese. Isso me trouxe uma esperança muito grande de que talvez nos conseguíssemos convergir...



Mas não, cada um foi procurar a Verdadeira Maionese da sua própria maneira. E a questão recrudesceu. Como iríamos prosseguir se nossas verdadeiras maioneses tinham ingredientes tão diferentes?
Bem, aí mesmo que a coisa ficou impossível. Como iríamos prosseguir se tudo conspirava contra? Bom... Fizemos uma versão do espetáculo para espanhol, fomos a outros países sem nenhuma perspectiva de continuar. Um certo sucesso está começando a estabelecer raízes na Europa, e a pergunta que do quer calar fala todos os dias na minha cabeça: Como vamos prosseguir?

No ano em que completamos 25 anos, seguimos sem nenhuma perspectiva de continuar, mas fizemos uma arte incrível para celebrar a data
. Como vamos prosseguir se chegamos a um ápice de excelência tão absoluto.

Ficamos amigos... Cultivamos respeito mútuo. Enfim, começamos a remar na mesma direção... Mas minhas manhãs são premiadas com a questão: Como vamos prosseguir se as divergências que nos trouxeram até aqui não estão mais presentes? Agora ficou realmente difícil. Como... Como vamos prosseguir?"

sábado, 12 de março de 2011

Foda-se!

Tranquila e calmamente eu penso... Foda-se!

É um mantra!
E eu tenho recitado diariamente...

Eu faço o bem e o que meu coração manda, o tempo todo.
E tudo o mais que se foda!
Todos os resultados, os erros e os acertos, até...
Os outros e suas opiniões...
Os envolvidos e suas opiniões...

Nada importa!

Repito! Eu faço o bem, ajo com bondade, sinceridade, e respeito.
Mas, que se foda...

As coisas precisam ter muita importância pra mim pra que eu me importe.
E olhe lá...

Muito pouco me tira do sério, do meu rumo, do meu foco.

Estou cuidando de mim.
Sobra pouca paciência pra mediocridade...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Fé!

Depois de tanto tempo, depois de tanto medo...
Depois de tanto nada
Sem acreditar, sem confiar
Nasce um rastro de fé em mim.

Eu quis muito. Mas me respeitei enquanto não pude sentir e acreditar.
Eu não procurei.
Mas aos poucos alguma coisa acontece aqui.

Literalmente, só Deus sabe o quanto isso é importante pra mim.
O quanto esse feiche, ainda em fase embrionária, faz diferença no meu coração,
tanto tempo desacreditado.
O quanto esta sensação é grandiosa!

Não sei.
Uma esperança de que talvez não seja só isso.
Uma vontade.
E começo a acreditar que pra tudo existem razões.
E que se ainda não as conheço, há tempo pra descobrir.
Também é por algum motivo.

A vida se ajeita.
Leva e traz pessoas, oportunidades, lições...
E tudo tem sua razão pra acontecer ou desacontecer.

Isso tem tanto a ver com minha teimosia.
Com a mania que tenho de ditar o certo.
Tudo tem um preço.
E todos têm ou terão tudo aquilo que merecem.
Não cabe a mim julgar e resolver.
É claro... Tudo se ajeita, no seu tempo certo!

Preciso acreditar mais.
Lembrar me ajuda a entender.
Quando rezou por mim, por nós,
certamente algo aconteceu.

Há magia.
Há uma luz.
E há muita coisa entre o céu e a terra...
Que envolvem nossos corações
e destinos!

Como num estalo, fica tão claro entender que nada aconteceu até aqui por acaso.
E nada nessa vida acontece ou acontecerá por acaso.
Agora, de novo, eu confio.
Eu confio!

Se eu apagar a luz, e fechar os olhinhos vou conseguir dormir?
Santo anjo...

terça-feira, 8 de março de 2011

Hay tantas cosas...

Que viva la ciencia,
Que viva la poesia!
Que viva siento mi lengua
Cuando tu lengua está sobre la lengua mía!
El agua esta en el barro,
El barro en el ladrillo,
El ladrillo está en la pared
Y en la pared tu fotografia.

Es cierto que no hay arte sin emoción,
Y que no hay precisión sin artesania.
Como tampoco hay guitarras sin tecnología.
Tecnología del nylon para las primas,
Tecnología del metal para el clavijero.
La prensa, la gubia y el barniz:
Las herramientas de un carpintero.

El cantautor y su computadora,
El pastor y su afeitadora,
El despertador que ya está anunciando la aurora,
Y en el telescopio se demora la última estrella.
La maquina la hace el hombre...
Y es lo que el hombre hace con ella.

El arado, la rueda, el molino,
La mesa en que apoyo el vaso de vino,
Las curvas de la montaña rusa,
La semicorchea y hasta la semifusa,
El té, los ordenadores y los espejos,
Los lentes para ver de cerca y de lejos,
La cucha del perro, la mantequilla,
La yerba, el mate y la bombilla.

Estás conmigo,
Estamos cantando a la sombra de nuestra parra.
Una canción que dice que uno sólo conserva lo que no amarra.
Y sin tenerte, te tengo a vos y tengo a mi guitarra.

Hay tantas cosas
Yo sólo preciso dos:
Mi guitarra y vos
Mi guitarra y vos.

Hay cines,
Hay trenes,
Hay cacerolas,
Hay fórmulas hasta para describir la espiral de una caracola,
Hay más: hay tráfico,
Créditos,
Cláusulas,
Salas vip,
Hay cápsulas hipnóticas y tomografias computarizadas,
Hay condiciones para la constitución de una sociedad limitada,
Hay biberones y hay obúses,
Hay tabúes,
Hay besos,
Hay hambre y hay sobrepeso,
Hay curas de sueño y tisanas,
Hay drogas de diseño y perros adictos a las drogas en las aduanas.

Hay manos capaces de fabricar herramientas
Con las que se hacen máquinas para hacer ordenadores
Que a su vez diseñan máquinas que hacen herramientas
Para que las use la mano.

Hay escritas infinitas palabras:
Zen, gol, bang, rap, Dios, fin...

Hay tantas cosas
Yo sólo preciso dos:
Mi guitarra y vos
Mi guitarra y vos.

Jorge Drexler.

domingo, 6 de março de 2011

Cinzas!

Tô cansada.
Irritada, esgotada.
Tô dengo, quero colo!
Não quero nada.

Os sonhos me trazem saudades,
e a razão me lembra que a vida é injusta!
Queria sentir o que somente entendo.

Chega!
Carnaval, leve tudo embora...
E vá também!
O ano precisa começar!

Me sinto presa!
Quero voar...
Mas essa bateria de escola de samba não deixa
a minha mente se acalmar...

Pança.

Era proibido entrar.
Uma cerca de madeira rodeava a casa.
Lá, as pessoas tinham gravado seus recados para o poeta.
Não tinham deixado nenhum pedacinho de madeira descoberta.
Todos falavam com ele como se estivesse vivo.
(Assim eu faço com vocês! Não sei quem me lê e quem não, mas eu falo e canto, eu grito, eu amo!)
Com lápis ou pontas de pregos, cada um tinha encontrado sua maneira de dizer: obrigado.

Eu também encontrei, sem palavras, a minha maneira.
E entrei sem entrar.
E em silêncio ficamos conversando vinhos, o poeta e eu, caladamente falando de mares e amares e de alguma poção infalível contra calvície. Compartilhamos camarões ao pil-pil e uma prodigiosa torta de jaibas e outras dessas maravilhas que alegram a alma e a pança, que são, como ele sabe muito bem, dois nomes para a mesma coisa.

Várias vezes erguemos taças de bom vinho, e um vento salgado golpeava nossas caras, e tudo foi uma cerimônia de maldição da ditadura, aquela lança negra cravada em seu torso, aquela puta dor enorme, e foi também uma cerimônia de celebração da vida, bela e efêmera como os altares de flores e os amores passageiros.

Trechos de Galeano em "Neruda 1" do Livro dos Abraços.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Menina da bundinha gorda.

Hoje vi na entrada do prédio uma menininha saindo rumo à escola de uniforme azul e branco e uma imensa mochila rosa, possivelmente maior que ela.
A minha minivizinha me alegrou por alguns bons instantes. Me fez lembrar de mim, quando tinha sua idade. Ela tem, como eu também tinha nessa fase, a bundinha gorda e as perninhas grossas e seu uniforme parece o que eu usava quando ia pro Santa.
Me deu saudade da escola, dos sonhos de criança, da casa antiga, de subir em árvores e pular sapata. Saudade de brincar de "monstro do travesseiro" e mercadinho com minha mãe e do Santana do meu pai, dos chicletes e livros que ele me dava toda semana. Saudade dele! Saudade forte do seu abraço, da sua risada, da sua voz, do seu colo, da sua comida, do seu apoio. De ter meu pai. Merda.
Enfim, essa menina tão parecida comigo até no jeito de andar me fez pensar na saudade de ser criança e também na vontade de ter crianças, de, quem sabe, ter uma menininha com bundinha gorda e perninhas grossas. Vontade de cuidar de alguém como um dia cuidaram de mim. De estar no outro papel de uma mesma história.

Sei que um dia, sentirei saudade da mesma forma do que sou hoje. Por isso eu amo, eu sonho, eu realizo... Eu vivo!!! Vivo pra que quando este dia chegar, possa sentir só saudade e nenhum arrependimento.

Saudade de ser também uma menina da bundinha gorda. Feliz por ser hoje uma jovem mulher com belas histórias pra contar, oportunidades pra aproveitar, sonhos pra realizar. Certa de que um dia serei a mulher que terá bundinhas gordas pra limpar, boquinhas pra dar de comer, uma família pra amar e honrar, um lar, um trabalho, uma paixão...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Get your Burlesque!

Não é o melhor filme que já vi, nem o mais original ou complexo. É simples, até clichê...

Mas, Burlesque me fez sentir o que há muito não sentia... Sonhos e desejos! E principalmente esperança!

Estou cheia de vontades! Vontade de arte! De arte da voz, de som... Arte de corpo, arte da alma, como a arte deve ser!

terça-feira, 1 de março de 2011

Sossego!

Não quero mais brincar.
Eu já havia descoberto certas coisas e esquecera, mas agora eu já sei.
Tive que viver, experimentar, testar... Fazer tudo o que já havia feito antes e ainda mais pra aprender, me conhecer... E aprendi, me conheci, entendi...

Mas já não quero mais brincar ou perder tempo. Hoje eu sei o que quero e gosto, e não.
Quero cuidar de mim e de tudo o que está em minhas mãos. Tudo o que realmente importa. Há muito tempo que não posso mais brincar nem perder tempo... E hoje estou tranquila e preparada. Não há mais pressa ou desespero. A dúvida também é rasa. Eu tenho um foco, mesmo meio desfocado... Mas eu estou no meu caminho certo.

Quero e preciso ficar quieta. Ficar só. Ficar comigo... Poder cuidar de mim, do meu futuro, da minha mãe, das minhas casas... Com muita dedicação, verdade e amor. Organização.

Eu dei um passo à frente, subi um degrau! Quero luta e conquista...

Eu só quero sossego!

Com muita força e verdade. Com o coração e consciência limpos e cheios de paixão pelo novo, pelas artes, conhecimento e por mim mesma... Pois tenho descoberto em mim muita coisa boa...

Eu preciso muito de mim agora... Estarei só, vivendo, lutando, realizando...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

deixar dormir...

é tão estranho...
depois de tanto tempo nascem sensações impróprias pro seu tempo...
seriam filhas da repetição?
seriam filhas do medo?
filhas de um atraso com a preocupação, percepção?

não sei.
devo não pensar...
nem sentir.

-

tá tudo bem.
no seu lugar...

L

Reaprender a escrever.
A beleza in words from this worLd...


I wanna be a lion
Everybody wants to pass as cats
We all wanna be big big stars, but we've got different reasons for that
Believe in me 'cause I don't believe in anything
and I, I wanna be someone to believe, to believe, TO BELIEVE!!!

Querendo ver o mais distante e sem saber voar...

Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim.

O céu de ícaro tem mais poesia que o de galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que fiz
Querendo ver o mais distante e sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu?

Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.


Herbert Vianna.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Se há um mundo inteiro me esperando, por que eu iria me amarrar nesse lugar?

coisas minhas...

Meu caminho, minhas histórias...
Minhas virtudes...

Ainda e sempre em busca.

Refúgio

Quero colo, carinho no cabelo, abraço com cheiro de roupa limpa.
Quero uma toca, telefone desligado, tranquilidade.
Quero o sossego e a sorte...
Quero calor em meio ao frio.

Quero tanto!

Quero tudo...
Sem medo e sem vergonha...
Sem vergonha...

Encontro marcado comigo mesma...

Meu tom, meu corpo e minha voz...
Meus intrumentos de falar, cantar e dançar...
Meu som, minha imagem...
Se misturam.

Cheiro e gosto.
Novos.

sábado, 29 de janeiro de 2011

7!

Ah! Onde você vai?
Tão depressa assim
Olhe aqui pra mim
Quero olhar pra você

Quero te dar a mão
Mas você não me olha
Penso que assim então
Melhor eu me mandar

Os passos que tracei quando saí
Com o tempo me trouxeram até aqui
Marquei todo caminho
Pra voltar sozinho

Tanta gente com certeza
Quanta gente sem noção
Em excesso até o fracasso faz sucesso por aí
E eu tenho fé na força do silêncio

Cantem comigo
Que o tempo é um inimigo
Pra quem não entende
Que também é bom envelhecer
O que é antigo
É a base do que é novo
E o novo não existe
Sem que exista eu e você

Hoje quando for dormir
Pense quantas noites já
Se passaram sem notar...
Noites de outros dias!

Jogue bola, cante uma canção
Aperte a minha mão
Quebre o pé, descubra um ideal
Saiba que é preciso amar você

Agora é tarde demais
Pra voltar
Pra te reparar
As noite que eu não cheguei
Não saí
Filmes que não vi

Você não desistiu
E eu não entreguei
Ela me confundiu
E dele eu já nem sei
E nessa confusão
Perto demais eu tenho andado assim
Tão distante

Hoje o tempo está melhor
Vou sair e andar pela Redenção
No caminho vou achar
Alguém pra falar da situação
E assim viver aqui

Quem sabe
Se hoje vai chover?
Quem vai esperar amanhecer
Pra amar você
Sem medo do perigo
Te olhar sem querer
Te ver como inimigo

E hoje paro pra pensar
No que me importa
Se o tempo não for mais voltar
Boa noite, Cinderela

http://www.cidadaoquem.com.br/