sábado, 25 de dezembro de 2010

Porto Alegre me tem, não leve a mal...

Nesses últimos meses tenho observado que estou cansada.
Desde a mudança à Porto Alegre, muito em mim também mudou.
Hoje, tenho uma certa dúvida sobre onde realmente fica minha casa.
Será a cidade que me acolheu quando vim a este mundo?
Ou a cidade onde cresci, e de fato, vivi muitos anos?
Será o mundo? Será a estrada?

Tudo isso pouco ou nada tem a ver com os relaciomentos que tenho.
Quero dizer, meus amores, minha família, meus amigos, são únicos e meu amor por todos estes é intocável, independente da localização daquilo que eu chamo de casa, o meu canto.
Mas, onde me sinto bem... Onde é meu lar, eu já não sei!

Gosto tanto deste Vale onde cresci... Da beleza da cidade, da sua cultura tão própria que ficou nítida aos meus olhos somente depois de mudar-me... Suas tradições, e o jeito das pessoas, a educação...

Mas, em Porto Alegre sou livre. É como se eu sempre soubesse que um dia voltaria, depois de deixar o Mãe de Deus com dois dias de vida... Poucas pessoas conheço, mas as amizades que lá tenho têm laços fortes.
Meus planos fazem-se em POA. Em Porto Alegre tenho uma vida que acontece!

Adoro a mistura de sotaques, cultura, experiências, das pessoas no lugar onde moro!
Elas são despidas de limites, preconceitos, julgamento...
Sem saber pra onde vão, sem saber ao certo onde e quando irão chegar, elas sabem que chegarão onde quiserem, porque lutam, porque buscam... E isso, no interior não funciona assim...

É preciso sair, pra saber, pra viver! No interior anda-se em círculos, e o futuro é completamente previsível dentro deste sistema. Basta observar, olhar em volta... Tudo isso porque o interior tem seu próprio ritmo, velocidade, leis. É um sistema semi-aberto, semi-fechado... Uma roda gigante... Tudo é estranho fora dali, quase tudo parece distante e não é! O interior é uma bolha!

Estar no Vale é delicioso! Estar com as pessoas que gosto neste tão bom lugar pra se viver! Mas, por alguns dias, e só.
Me sinto em uma espécie de "Reality Show", ou então, como alguém famoso na TV regional que vai ao Bourbon e é reconhecido pelas pessoas que fazem comentários baixos e ficam-no observando... Ok, não sou artista, não sou famosa. Mas, cuidado ao escolher a roupa antes de sair de casa nas cidades do Vale... Há chances de que o julguem, comentem, e talvez até publiquem alguma nota em algum meio de comunicação qualquer, caso esteja mal vestido, ou algo assim...

No interior as pessoas são mais acomodadas, acostumadas a serem julgadas, rotuladas e enquadradas em padrões... As pessoas são limitadas! Preocupam-se demasiadamente com o reflexo de suas atitudes, afinal, 'o que vão pensar de mim?'.
Escondem-se dentro de si mesmas.

Andam em círculos... Tempo vai, tempo vem... e a grande maioria acaba sempre no mesmo lugar, fazendo, falando, pensando, vivendo as mesmas coisas! Submetendo-se a mesmas coisas... Enfim... E isso não muda.

Quero dizer que, botar o pé pra fora de casa no Vale, é estar ciente de que a chance de ver e ser visto por pessoas conhecidas, amigas ou não, é quase de 100% e, isso pode ser bom, como não ser. O que tu fazes em um canto, se reflete no outro. Nada passa despercebido... Nada! As pessoas marcam teu rosto e teus passos e, nada será esquecido.

A sensação de estar no Vale é completamente estranha agora.
Quando estou em Igrejinha sinto-me presa ao que esperam ou não esperam de mim.
Não presa... Mas, pressionada, intimidada.
Eu não quero isso pra mim. Esse é o tipo de preocupação que definitivamente não quero ter.

Eu tenho necessidade de ser natural.
Eu não gosto de ser julgada.
Não gosto que esperem qualquer coisa de mim.
Não gosto que falem de mim, sem saber-me, sem gostar-me.

Eu estou caminhando a frente...
Não tenho mais saco, nem paciência pra essa mediocridade.
Quero maturidade, conquistas, crescimento!
Amigos, viagens, família... Como a maioria das pessoas.
Aventuras, diversão, sexo, drogas, e rock'n roll... Sim!
Mas também responsabilidade e luta pela realização de sonhos!

Quero leveza, quero gargalhada!