terça-feira, 27 de setembro de 2011

12... 11... 10...

eu sei muito bem o que te faz enlouquecer.
eu sempre soube.
poderia enlouquecer-te todos os dias e noites.
mas eu já não quero.

"eu sei a palavra que você deseja escutar
você é o segredo que eu vou desvendar."


não tem graça voar sozinho...
e eu também quero tirar meus pés do chão.
também quero voar, cantar, gritar...
gozar!

sinceramente, eu quero morrer de amor!
amor que não existe...
"não existe o amor
somente provas de amor..."


e se eu resolver beijar mil bocas,
lamber mamilos,
puxar cabelos e arranhar corpos pela vida...
estarei amando mais a mim, assim?

quero molhar meu corpo com a água de outros corpos
quero sentir mil gostos
e gritar mil vozes.
quero me perder, quero me ganhar.

quero te esquecer.
porque eu te amo.
mas há tempos já não te quero.

a saudade que eu sinto...

...de um tempo que acabou!

Nos primeiros meses morando no pensionato em Porto Alegre, onde morei de março à dezembro de 2010, eu ouvia muito o CD do Lenine, o tempo todo... Principalmente enquanto limpava o meu canto, o quarto 68. Ouvia Lenine cantar pra mim enquanto massageava cada disco, livro, e qualquer outra peça que morasse nas prateleiras do quarto 68!

O engraçado é que enquanto fazia aquilo, eu sentia aquele momento como algo a ser guardado, o som, o cheiro de maçã verde do produto de limpeza, as cores das coisas, e meu jeito de viver aquilo...

Sabendo que moraria ali por pouco tempo, me acostumei a viver tudo por inteiro - ainda mais -, inclusive momentos simples como este, e fazia questão de guardar com carinho a sensação de lá viver... Eu sempre soube que iria lembrar da sensação, do cheiro, do sol, das cores... Não simplesmente lembrar, mas, sentir tudo novamente.

Sentir falta de um tempo que acabou, não quer dizer que desejamos tê-lo de volta. Afinal, não estamos mais em tal tempo porque demos passos a frentes e estamos melhors hoje... Enfim, é só saudade, uma lembrança boa, sinal de que foi importante e por isso pensamos e adoramos tal época...
Assim foi este período pra mim... Todo o tempo em que morei lá, com todo o lado bom e as tantas partes chatinhas foi único, foi fundamental pro meu amadurecimento, pro meu autoconhecimento, pra superar muita coisa, pra vencer muita coisa...

Enfim, Lenine é responsável pela lembrança do primeiro trimestre vivido na rua Anita Garibaldi. Eu ainda não conhecia muita gente e me sentia um pouco reprimida, limitada... Era muito do que fui antes de mudar. Lembro das primeiras aulas e a alegria de sentir que estava no caminho certo - e estava certa... -, minha insegurança (acredito que superada), meu romantismo (amenizado), meus medos (também expulsados...). Os dias frios, as noites quentes... O conforto do quartinho que ganhou a minha cara, pouco a pouco... A luz baixa, meu telefone... Dormir cedo... Os dias em que ia pra aula com chuva de táxi ou ônibus, o sofá confortável da biblioteca, e de quando pegava o Trensurb pra São Leopoldo em sextas-feiras - com medo de levar uma picada de agulha de algum maluco depois de assistir a uma aula de biologia sobre doenças virais -... Das manhãs, dos colegas, das tardes de sono, as aulas de direção...

Eu poderia citar tantos fatos, mas nunca conseguiria expressar a sensação que tenho de como de fato foi esse tempo - que não foi fácil -, de como eu era, de como eu sentia tudo isso... E a alegria de ter mudado e melhorado, desde então, e em tão pouco tempo...

Enfim, deste tempo que passou tenho esta lembrança boa, essa saudade...
Do tempo imediatamente seguinte, de mudança e melhora intelectual e psicológica, de novos sonhos e planos, novas atividades, hábitos, amigos... não sinto saudade pois ainda é tempro presente...

Sou apaixonada por simplicidade... Pela riqueza e a beleza dos detalhes.