quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sinestesia

Vim esticar teu horizonte
Destacar decalques do mar
Patinar no negro dia amante
Da lua que decresce no céu
Escutei um perfume de sol nas águas
Minhas mágoas, tuas asas
Tudo sorriu como era antes
Agridoce meio amargo de mel
Os gatos prolongam meu olhar
E eu pairo no ar alguns instantes

Vai ver é só cegar o ouvido
Enriquecer o bolso do coração
Plantar um ninho nos sentidos
Subornar talvez a razão
O meu q de quem que é?
Tem um semi-tom jobim menor
Faço versos com pedaços de mim
Pra não te deixar tão só
Perdi o condão de adivinhar
Ouço os brancos da raiz nascer
Faço a planta alta viver
No cenário do meu bem estar
E quem enfim há de morar
No meu caderno de entardecer

Vai ver é só tirar o mopho
Daquela velha mala no porão
Trocar o certo pelo duvidoso
Ser mais sim e menos não

Tiago Rubens Goulart